Brasil

Tamanduaí: entenda como vive a menor espécie de tamanduá do mundo

Solitário, noturno e habitando os lugares mais altos da floresta, o tamanduaí é a menor e menos conhecida espécie de tamanduá do mundo. Na última segunda-feira (7), o Zooparque de Itatiba, no interior de São Paulo, recebeu o Yoyo, animal que pertence a este grupo e pesa 285 gramas. Ele é o único da espécie que está sob cuidados humanos no planeta.

A coordenadora ambiental do zoo, Débora Alcântara, diz que existem poucas pesquisas sobre o tamanduaí devido à dificuldade de encontrá-lo em seu habitat natural.

“Se trata de uma espécie solitária, de tamanho reduzido, noturna e que habita principalmente os estratos mais altos da floresta. Recentemente, pesquisadores do Instituto Tamanduá descreveram seis novas subespécies, sendo três exclusivamente brasileiras”, explica.

O indivíduo adulto tem em média 35 centímetros e possui uma cauda de 20 centímetros, pesando cerca de 300 gramas. Externamente, apresenta uma pelagem sedosa de pelos curtos e lisos. A coloração varia do amarelo ouro até uma cor amarronzada ou acinzentada.

Possui olhos negros e pequenos e um focinho mais curto do que os demais tamanduás. Também tem fortes garras curvas, que funcionam como uma ferramenta alimentar e permitem a abertura de formigueiros, auxiliando na locomoção do animal e servindo como instrumento de defesa.

Os membros posteriores são altamente modificados e permitem que eles se movam por troncos e galhos finos e coloquem a pata em diferentes posições.

Alimentação

Segundo a coordenadora, estudos realizados em vida livre no nordeste brasileiro observaram que a espécie evita cupins e se alimenta de quatro tipos de formigas.

“Assim como os outros do grupo, estes animais não possuem dentes, mas contam com uma língua longa, retrátil e uma saliva viscosa, que facilita a captura de alimentos”.

Gestação

O período de gestação varia de 120 a 150 dias. Após este tempo, a fêmea tem apenas um único filhote. A época reprodutiva está limitada aos meses de dezembro e janeiro, mas, em vida livre, na população do nordeste brasileiro tem sido registrado um índice de gestação maior nos meses de agosto, setembro e outubro.

“Ao contrário das outras espécies de tamanduás, nesta ambos os pais ajudam nos cuidados com a cria”, destaca Débora.

Metabolismo diferente

Apesar de apresentarem diversas semelhanças com os outros tamanduás, os tamanduaís são mais sensíveis às variações de temperatura ambiental.

“Eles possuem um metabolismo altamente dependente da temperatura e isto se reflete numa grande variação da sua temperatura ambiental, sendo esta maior do que a descrita para outras espécies de tamanduás”, comenta.

Localização

A espécie pode ser encontrada desde o norte da Venezuela até o nordeste da Amazônia, e abrange o litoral dos estados do Maranhão e do Piauí, Rio Grande do Norte até Alagoas.

“A distribuição original abrange as florestas tropicais do centro e sul da América, porém, a baixa taxa metabólica, a baixa temperatura corporal (em torno de 33°C) e a baixa capacidade termorregulatória limitam a ocorrência da espécie em regiões abaixo de 1.500 metros, de maneira que os Andes constituem uma barreira entre as populações ao norte e ao sul da Cordilheira”.

“As principais ameaças à espécie são a perda de habitat e a utilização como pet”, aponta a coordenadora.

Cuidados no zoo

Segundo Débora, os cuidados com Yoyo no Zooparque serão os mesmos adotados anteriormente pelo Instituto Tamanduá, no Piauí (PI), pois a dieta dele foi desenvolvida por pesquisadores no ano de 2021 e segue sem alterações.

“O recinto do Yoyo foi preparado especialmente para ele, pensando em todas as suas necessidades. Inclusive, antes da chegada dele em nossa instituição, estivemos em Parnaíba para conhecer o animal e o habitat natural, para que aqui no Zooparque o ambiente fosse preparado da melhor forma possível. A maior preocupação é o controle de temperatura, visto que a espécie é extremamente sensível a mudanças bruscas”, conclui.

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